terça-feira, dezembro 21, 2010

Carta a Esopo e La Fontaine

Olha, os senhores não me levem a mal, acho fantástico o trabalho que fizeram até agora. Todas aquelas fábulas incríveis super continuam em alta. A da raposa e as uvas mesmo, de vez em quando, é até citada pelo Bial nas eliminações do BBB.

Então, como eu ia dizendo, nota dez na lição de moral. Apesar de achar umas meio cruéis,  estão desculpados porque o PETA não existia na época de vocês.

Mas cês não acham que a essa altura o trabalho ficou meio defasado? As fábulas tem ótimas lições pra ensinar pra gente que mente, que tem inveja, que desdenha o que quer... Só que a gente tá tendo que lidar, hoje em dia, com outros tipos de comportamentos difíceis.

Então proponho o seguinte. Vamos criar aí umas fábulas mais modernas pra educar as pessoas da nossa época? Ó, escrevi algumas. Se gostarem, podem tocar daí em diante. Não se intimidem pelo fato de estarem mortos, e tal, porque o Veríssimo e o Jabor nunca escreveram metade dos textos que circulam por aí com o nome deles, então tá tudo certo.
Abraços!

O homem que trafegava no acostamento e a velhinha descuidada.

Havia um homem que sempre usava o acostamento quando o engarrafamento fazia os outros carros pararem. Muito espertalhão, ele ia passando pela fila, depois aproveitava qualquer brechinha para furar a ordem e chegava em casa primeiro que todos.
Um dia, uma velhinha viu que seu pneu havia furado e deixou o carro no acostamento, mas esqueceu de sinalizar, então saiu do carro e foi ligar para o seguro. 
E o homem que vinha pelo acostamento bateu o carro no da velhinha, capotou três vezes e morreu.

Moral da história: Acostamento não é pra trafegar, mané.

A dona que não catava o cocô de cachorro.

Numa cidade bem grande morava uma mulher que sempre saía para passear com seu poodle, mas nunca levava saquinhos para limpar os cocozinhos que ele fazia pelo caminho. Um dia, ao sair do seu condomínio, ela desceu do carro para tirar um papelzinho do pára-brisa e pisou num enorme cocô de fila brasileiro, arruinando seu Loubotin novo e se atrasando para a reunião marcada. A meia calça também ficou com cheiro de ração decomposta.

Moral da história: se você é mal educado não pode reclamar da má educação alheia.

A jovenzinha que não dava lugar aos idosos e a lei do karma.

Havia numa certa região uma jovenzinha muito marota. Sempre que via uma senhora, senhor ou grávida no ônibus, era acometida por uma terrível sonolência e dormia profundamente, obrigando outra pessoa a se levantar e ceder o lugar. 
Um dia essa jovem envelheceu e viajou de pé milhares de vezes com artrite, atrose e arteriosclerose.

Moral da história: Se você não preza pelos direitos de alguém certifique-se de não precisar deles no futuro.


ATUALIZADO: mas veja o que é a vida...não é que o final ficou melhor que o da fábula? Ser arrancada do assento preferencial por uma senhora enfurecida é melhor que esperar a lei do karma.

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